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Junto à mesa
uma máquina de escrever,
o incenso da Tailândia,
um maço de cigarros,
almofadas no tapete,
a cortina desbotada,
feijão azedo na cumbuca,
copo d'agua envenenado
sobre à mesa e o vinho avinagrado.
Vou trancar as portas e janelas,
desligar o telefone e apagar as luzes.
Se me procurarem pensarão que não estou.
Ligo o gás do fogão, ou tomo o veneno?
Eis a questão de um principiante,
vou me entregar a dor,
escrever o poema extravagante,
vou desarrumar o apartamento,
criar um bom cenário,
um verdadeiro palco,
e na penumbra pro meu último ato.
Vou enviar os meus poemas
a serem publicados
para os amigos lerem.
Vou chorar e vomitar frases malditas
e pedir a Deus ou ao diabo que me levem.
Tenho tudo o que preciso agora:
Gás, veneno, feijão azedo vinho avinagrado
e o meu último poema.
Chegou a hora...
Não sei se uso o veneno ou gás!
Qual nada, abro logo um bom vinho,
ha ha ha ha...
Amanhã faço uma festa
e convido você!
(tossan: poema e foto)
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blog convidado desta reedição